quarta-feira, 27 de junho de 2012

Detalhes

Contar histórias com riqueza de detalhes é sem dúvida um dom feminino. Um exemplo bem típico, é a narrativa do dia do nascimento da Laís. Quando eu conto para alguém digo até a roupa que estava usando, a que horas cheguei ao hospital, a hora que ela nasceu, peso, altura, Apgar, e mais um monte de detalhes que um dia poderei relatar aqui. Mas, se a mesma história é contada pelo meu querido esposo, muitos detalhes são suprimidos mas de maneira que você entenda igual, a emoção que ele sentiu. É o suficiente para que você entenda, nada mais.

Exercendo essa habilidade inata, minha filha Laís, vem treinando a construção de suas narrativas todas as vezes que o pai dela chega. É hilário vê-la se esforçando para contar ao pai, situações que aconteceram na sua ausência. Suas palavras não conseguem acompanhar a explosão de sinapses que ocorrem no seu cérebro infantil e por um instante ela parece se desesperar com isso. Repete 10 vezes cada frase e movimenta as mãos para que o não-verbal ajude o verbal que ela não consegue esquematizar. E algumas vezes, eu tenho que intermediar a narrativa, para que o pai consiga entender com clareza.

Há alguns dias, ela me pediu suco e servi tudo o que havia na caixinha, dei o copo pra ela e descartei a embalagem no lixo. Prontamente ela me avisou que o suco "cabô e papai tem que compa oto". Concordei e continuei nas minhas atividades normais maternais organizacionais diárias. Demorou bastante para o pai chegar mas, nem por isso ela se esqueceu. E começou a dizer para o pai que o " sisi cabo, papai tem compa oto sisi, mamãe jogo no ixo". Claro que ela levou ele até o lixeiro para provar que estava certa. Recentemente fiz um bolo de cenoura que conseguiu conquistar o coração, ou melhor, o estômago dela. Comemos juntas o último pedaço na ausência do pai. À noitinha, quando ouviu o barulho do carro, correu pra porta gritando "é o papai!". Eu estava à distância e com a TV ligada não ouvi o diálogo deles, só vi que ela o levou pela mão até a pia. Depois ele veio me dizer que ela foi mostrar que o "bolo cabou, mamãe comeu tudo, pato ta sujo..."

Tudo o que acontece, ela conta para o papai. Geralmente eu nem me lembro o que aconteceu, mas, para ela foi importante. E o mais interessante nisso tudo é que ele pode estar cansado, mas ainda assim ouve o que ela tem a dizer. Seja para mostrar uma arte que fez, para dizer que a mamãe "ateu na mãozinha", que o "home veio" ou qualquer outra coisa. Ela se esforça para explicar todos os pormenores da vida dela que ele perdeu.

Sempre que vejo a Laís aprendendo alguma coisa, me coloco no lugar dela e penso como Deus agiria comigo. Ele tem o maior interesse em ouvir minhas histórias e não quer perder nenhum lance da minha vida, muitas vezes peço pra Ele a mesma coisa por dias seguidos, numa esperançosa repetição a fim de que me conceda o pedido. Mas, como pai acredito que o maior prazer Dele é me ouvir, é manter essa ligação de pai e filha, saber o que é importante pra mim dos meus próprios lábios. Como Deus é maravilhoso! Me ouvir e estar comigo é o seu maior prazer! A Ele posso contar tudo "tintin por tintin" e Ele nunca vai se cansar de me ouvir. Meu pai do céu entende minha necessidade de detalhes como ninguém!

"E buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo vosso coração." Jeremias 29:13

"Amo ao Senhor, pois Ele ouviu a minha voz...Porque inclinou para mim os seus ouvidos..." Salmos 116:1,2

Um comentário:

  1. Évila, é assim mesmo, nada fica perdido nessas cabecinhas e como tudo é novidade, então tudo tem muiita importancia. E vc tá mais que certa em dizer que nossas histórias tbm são importantes pra Deus. E Ele adora qndo conversamos com ele!

    Beijão

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